Motrix

O MOTRIX é um software que permite que pessoas com deficiências motoras graves, em especial tetraplegia e distrofia muscular, possam ter acesso a microcomputadores, permitindo assim, em especial com a intermediação da Internet, um acesso amplo à escrita, leitura e comunicação. O acionamento do sistema é feito através de comandos que são falados num microfone. O uso do Motrix torna viável a execução pelo tetraplégico de quase todas as operações que são realizadas por pessoas não portadoras de deficiência, mesmo as que possuem acionamento físico complexo, tais como jogos, através de um mecanismo inteligente, em que o computador realiza a parte motora mais difícil destas tarefas. O sistema pode ser acoplado a dispositivos externos de home automation para facilitar em especial a interação do tetraplégico com o ambiente de sua própria casa.

 

O Motrix vem sendo desenvolvido no Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desde março/2002. A coordenação do projeto é do Prof. José Antônio Borges. MOTRIX ganha prêmio Master de Ciência e Tecnologia de 2002.

Uma das limitações físicas mais severas (ou tetraplegia), onde ocorre a perda em maior ou menor grau, do movimento dos braços e pernas do indivíduo. Existe uma imensa gradação nessa perda de movimento, que pode ir desde a perda de força, até uma imobilidade completa. As situações que provocam a tetraplegia são muitas, mas quase todas tem a ver com danos a uma porção da medula na coluna cervical.

O Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NCE/UFRJ) tem mantido desde 1993 um grupo que se dedica à criação de programas adaptativos, dos quais o DOSVOX é o mais disseminado e conhecido. Esses softwares são distribuídos gratuitamente pela Internet. O desenvolvimento do Motrix foi motivado pela médica radiologista Lenira Luna, tetraplégica há 26 anos, que ao assistir a uma entrevista de Antônio Borges no programa Sem Censura da TV Educativa, verificou que a alternativa de acionamento por voz poderia ser uma excelente alternativa para o acesso de tetraplégicos a microcomputadores.

O problema que Lenira queria resolver era o fato de que precisava estudar uma grande quantidade de textos para sua profissão, o que fazia durante a noite. Depois de trabalhar muitas horas sentada na cadeira de rodas, num dia de trabalho de muitas horas, todos os efeitos da tetraplegia apareciam violentamente, ou seja ela era obrigada a ficar deitada, e ao se deitar perdia quase completamente o controle muscular. Assim, mesmo um software como o Teclado Amigo (também produzido no NCE/UFRJ), que permite o acionamento de controles através de um único movimento seria altamente desconfortável e doloroso.

Lenira sugeriu que fosse criado um sistema que dependesse exclusivamente de comandos de voz, que além de resolver o problema do acionamento quando deitada, substituiria o uso do teclado que mesmo em situações favoráveis, e com o uso de diversos tipos de órteses era muito cansativo, e com baixa produtividade. Uma pesquisa prévia mostrou que existiam programas estrangeiros que poderiam ser usados, mas eles caíam em um dos seguintes casos desfavoráveis: não poder ser acionado em português não ser disponível comercialmente no Brasil ter custo muito alto. Surgiu então a ideia de construir um programa para acionamento do Windows por deficientes motores graves, por baseado em reconhecimento de voz, baseado em command e control, com independência do software reconhecedor de voz, permitindo que diversos produtos pudessem ser usados acoplados ao motrix, inclusive sistemas gratuitos de reconhecimento.

Além de poder interagir com o computador de uma forma mais confortável e eficiente, Lenira pode ainda acender e apagar a luz, ligar o ventilador ou mudar o canal de televisão (tarefas simples para a maioria das pessoas, mas que são grandes desafios para quem sofre de tetraplegia). Isso só é possível graças a uma espécie de “tomada inteligente”. E o deficiente não terá que desembolsar nada para obter o Motrix: a partir de amanhã, o programa já estará disponível para download gratuito no endereço www.nce.ufrj.br/motrix.

O Motrix é acionado na partida do computador, de forma que a única dificuldade para o tetraplégico seja ligar o computador. A partir daí o controle do mouse e do teclado passa a ser feito unicamente por voz (embora esses dispositivos não sejam desabilitados, permitindo assim que outra pessoa possa eventualmente usar o computador). Os comandos foram escolhidos cuidadosamente para que possuam uma grande diferença sonora entre as palavras, aumentando assim a confiabilidade do entendimento pela máquina. Sempre que um comando é acionado ele é escrito na barra de comandos do Windows, e desta forma a pessoa pode ter um feedback sobre o entendimento ou não do comando pelo reconhecedor. Os comandos visam essencialmente realizar: ações de mouse; ações de teclado; acionamento de programas do windows; acionamento de scripts adaptativos; seleção de menus de comando. O sistema permite também digitação soletrando.

Para diferenciar os sons das letras, o Motrix utiliza o alfabeto fonético de aviação: Alpha Bravo Charlie Delta Echo Foxtrot Golf Hotel India Juliet Kilo Lima Mike November Oscar Papa Quebec Romeo Sierra Tango Uniform Victor Whiskey Xray Yankee Zulu Ele foi escolhido, entre as várias alternativas por parecer ter sido provado ao longo da história como um dos mais efetivos para reconhecimento em ambientes ruidosos.

 

Fonte:

http://odia.ig.com.br/odia/info/in140802.htm

http://intervox.nce.ufrj.br/motrix/

 

acesso em maio de 2003

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