Desde 1988, a Tintas Renner realiza trabalhos de parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul no desenvolvimento ou melhoramento de produtos. Um dos trabalhos resultou na melhoria das tintas em pó empregadas industrialmente para a pintura de eletrodomésticos e de outros objetos metálicos, linha de produtos da Renner DuPont Tintas Automotivas e Industriais. As tintas em pó são isentas de solventes orgânicos e não liberam compostos voláteis nas etapas de fabricação e aplicação. Por serem quase que totalmente recicláveis, gerando mínima quantidade de rejeitos, são materiais ecologicamente corretos, com um mínimo impacto ambiental. Elas são constituídas basicamente por resinas, pigmentos e aditivos, sendo a resina o diferencial tecnológico, responsável direta pelo desempenho do filme da tinta que protege o substrato.
O trabalho de parceria com a UFRGS auxiliou na caracterização e no desenvolvimento de uma nova resina poliéster carboxifuncional para ser combinada com resina epóxi na formulação de tinta em pó para a pintura de eletrodomésticos. Através do estudo de diferentes matérias-primas e de variáveis do processo, foi possível desenvolver uma nova geração de resinas poliésteres. Essas resinas são capazes de melhorar as propriedades de aparência e de resistência química dos filmes das tintas utilizadas na pintura de fogões, refrigeradores, microondas e outros aparelhos. Além disso, essa tecnologia melhorou a produtividade dos clientes Renner Dupont. Trata-se de uma tinta que já existia no mercado, mas hoje seu desempenho é muito melhor.
Embora o desenvolvimento exija um trabalho contínuo, os primeiros resultados foram obtidos no segundo semestre de 1997, quando a nova fórmula foi implantada pela empresa e passou a ser comercializada com sucesso. Para esse tipo de produto, não é comum o registro de patente. As fórmulas são mantidas em segredo pelas empresas que as desenvolvem, mas não são patenteadas. Para Carlos Wolf, da Renner DuPont, esse projeto gerou vários benefícios para os parceiros. A empresa aumentou a sua capacitação técnica em uma tecnologia importante. Reduziu os seus custos de produção e melhorou consideravelmente a qualidade das tintas. Já a universidade obteve uma maior qualificação dos seus professores, que passaram a transferir para os estudantes de graduação e de pós-graduação em Engenharia de Materiais conhecimentos enriquecidos por essa experiência.
A universidade federal gaúcha participou do projeto principalmente através do laboratório de Polímeros, que faz parte da linha de pesquisa do departamento de Ciência dos Materiais, do programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, metalúrgica e de Materiais (Ppgem). O Lapol é composto por dois doutores, alunos de graduação e de pós-graduação da engenharia de materiais e realiza pesquisas relacionadas à área de polímeros. Um outro Laboratório que participa há 10 anos da integração com Tintas Renner e Renner DuPont é o Laboratório de Reatividade e Catálise do instituto de Química. Esse laboratório é composto por seis professores, doutores, dois cientistas estrangeiros e alunos de graduação e de pós-graduação. Desenvolve pesquisas na área de catálise organométrica.
De fato, o convênio entre a Renner e a UFRGS – no valor de 50 mil reais – foi celebrado com apoio da Fapergs – Fundação de Amparo a Pesquisa do Rio Grande do Sul: “A integração coma UFRGS possibilitou ampliar a infra estrutura humana e material da empresa, imprescindível na formação da base de conhecimento responsável pela geração dos novos produtos. Este tipo de parceria beneficia também a universidade por permitir a aquisição de equipamentos que ficam nos seus laboratórios e que permitem a realização de muitos trabalhos acadêmicos. É importante destacar que ao longo desse projeto que também realizamos publicações científicas que são importantes para os professores e alunos da universidade”, afirma Carlos Wolf, um dos resposnáveis pelo projeto de integração por parte do Laboratório de Resinas da Renner Dupont. A Fundação repassou 90% do valor para a aquisição de equipamentos para aparelhar o Laboratório de Materiais Poliméricos. Os outros 10% foi a contrapartida da empresa. Os equipamentos de análise térmica – um analisador termogravimétrico e um calorímero de varredura diferencial – foram importados dos Estados Unidos. Normalmente esses equipamentos custam caro e não compensaria para a empresa adquiri-los devido a baixa utilização que eles teriam em seus laboratórios. Por outro lado, para a universidade, eles seriam inacessíveis e têm alto uso por professores e alunos. Os investimentos totais chegaram à soma de 100 mil dólares, em termos de recursos humanos e materiais.
Fonte:
http://www.ppgem.ufrgs.br
acesso em maio de 2003
Tecnologia & Inovação para a indústria, Sebrae, 1999, página 124
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