Conrado Wessel, nascido em Buenos Aires em 16 de fevereiro de 1891, filho de Guilherme Wessel e Nicolina Wessel, cujo nome original era Ubald Konrad August Wessel. Seu avô, August Wessel emigrou para a Argentina em meados do Séc. XIX, originário de tradicional família de Hamburgo, que se destacou como fabricante de chapéus à época, na Europa. Aventurou-se vir para a América, escolhendo a argentina. Com o dote recebido dos pais, adquiriu uma estância para criação de gado em Concepcion del Uruguay, nas proximidades de Buenos Aires. Um de seus filhos, Guilherme, quando adulto e após viagem à Alemanha, conheceu em Hamburgo a Sra. Nicolina Krieger, que viria a ser sua esposa. O casamento deu-se em 03 de março de 1887. Da união, nasceram dois filhos, Walter e Conrado. A família transferiu-se para o Brasil em fins de 1892, residindo inicialmente em Sorocaba, por curto período e transferindo-se em seguida para São Paulo, pois seu pai, formado em física, fora convidado a lecionar na recém-fundada Escola Politécnica no bairro da Luz.
Após alguns anos, aproveitando uma oportunidade, adquiriu uma loja de material fotográfico que também funcionava como atelier de fotografia na Rua São Bento. Muito jovem, ainda estudante da Escola Alemã, o Sr. Conrado iniciou seus conhecimentos na prática da fotografia. Frequentava ainda as aulas de química – matéria de seu interesse – na Escola Politécnica como aluno assistente, graças à influência de seu pai. Demonstrou, através da química, seu interesse pelas emulsões à base de colódio e sais de prata, para a sensibilização de chapas de vidro, utilizadas em diversas medidas, pelas câmaras fotográficas da época. Ocorreu então um fato lamentável na família com a morte prematura de seu irmão Walter, com a idade de 22 anos. Seus pais decidiram enviar Conrado para Viena, para um melhor aproveitamento de seus conhecimentos e frequentar uma escola especializada na química de fotografia e zincografia. Durante os dois anos em que permaneceu no instituto em Viena, aperfeiçoou seus conhecimentos na arte fotográfica e nas composições de emulsão para a sensibilização de chapas fotográficas.
Ao término do curso com alto grau de aperfeiçoamento trouxe da Alemanha, adquiridos em Hamburgo, equipamentos para a confecção de clichês, pois na época os serviços gráficos no Brasil os exigiam para a impressão de jornais, revistas e impressos. Instalada a oficina, dividia seu tempo entre o atelier de fotografia e novas experiências com emulsões por ele criadas para a sensibilização do papel fotográfico, pois já pensava na fabricação do mesmo no Brasil, uma vez que só havia papel importado. Instalou uma pequena fábrica na Rua Lopes de Oliveira, 196/198, com equipamentos precários que ele mesmo produziu e iniciou a experiência de emulsionamento do papel. Os primeiros resultados foram de uma frustração total. Problemas com o papel apropriado e o sistema artesanal empregado quase o levaram a desistir. Entretanto, por seu espírito de desafio, foi eliminando os obstáculos um a um, até conseguir resultado satisfatório, tendo conseguido patentear seu processo em 1922, através da concessão da Patente, documento este assinado pelo então Presidente da República, Sr. Epitácio Pessôa. Iniciada a produção, não conseguia mercado para seu produto. Para se promover, distribuía pacotes de amostras aos fotógrafos, que continuavam a dar preferência ao papel importado.
Um fato, porém, mudou o rumo dos acontecimentos. Eclodiu, em 1924 a revolução de Isidoro Dias Lopes. Durante a revolução, a cidade de São Paulo ficou isolada do Rio de Janeiro, então porta de entrada dos produtos importados. Os estoques de papel importado foram esgotando e os fotógrafos profissionais recorreram então ao papel Wessel, já então produzidos para diversos usos, com resultados excelentes e superiores ao papel importado, resultando em um expressivo aumento de demanda, tendo a fabricação do papel sido acelerada para atendê-la. Após a pacificação, reiniciou-se a importação de papel fotográfico vindo dos EUA e da Europa, que passaram a ser preferidos pelos consumidores, havendo, a partir daí, assédio dos fornecedores estrangeiros para uma parceria na fabricação nacional, considerando ser ele o detentor da Patente no Brasil. Depois de muitas propostas, finalmente foi feito contrato com a Kodak dos EUA, pelo qual se associaram ao Sr. Conrado, construindo uma moderna fábrica em Santo Amaro, sendo pelo Sr. Conrado explorada por 25 anos, fim dos quais seria entregue efetivamente a posse da fábrica e patente à Kodak. O papel fabricado passaria a ter a marca Kodak-Wessel, ficando o privilégio de distribuição da produção para os americanos. Durante este período (25 anos), com os lucros do negócio bem administrados, foram adquiridos diversos imóveis, sempre próximos à sua residência, nos bairros de Campos Elíseos, Barra Funda, Santa Cecília e Higienópolis que, juntados aos já existentes, superariam o número de quarenta, que viriam a construir o patrimônio da fundação.
Amante das artes e das ciências, Conrado Wessel morreu aos 102 anos. Sem herdeiros, deixou todo o patrimônio para uma fundação que levou o seu nome: Fundação Conrado Wessel. Após oito anos beneficiando entidades e contribuindo para a difusão de conhecimento, a Fundação passa a investir na criação de prêmios nas áreas de fotografia, ciência e literatura, conforme desejo do próprio Conrado. A ideia é valorizar os melhores trabalhos em fotografia publicitária, os melhores projetos de ciências de estudantes de escolas públicas e os novos talentos em literatura.
Fonte: http://www.fcw.org.br/quem.htm
http://www2.estado.com.br/edicao/pano/98/08/12/ca2952.html
http://www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/artecult/foto/modern/cwessel/apresent.htm
Acesso em outubro de 2002