Um derivado do polietileno que é utilizado para embalar produtos como pães e frutas, com período de decomposição sob luz solar reduzido a um terço em comparação ao plástico encontrado no mercado, já teve a patente depositada pela Unicamp no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi). As empresas interessadas no produto devem procurar a Agência de Inovação da Unicamp (Inova), órgão responsável pela comercialização das patentes geradas na Universidade. “Chamamos este derivado de filme fotodegradável”, explica Ralf Giesse, que realizou a pesquisa no Laboratório de Polímeros Condutores e Reciclagem do Instituto de Química (IQ) da Unicamp. Seu trabalho resultou em dissertação de mestrado orientada pelo professor Marco-Aurelio De Paoli, que gerou a patente. Somente agora, no entanto, Giesse soube que a pesquisa valeu menção honrosa no 28º Concurso Nacional do Invento Brasileiro de 2002, por meio de correspondência do Governo do Estado de São Paulo. O pesquisador, que é professor do Colégio Técnico da Unicamp (Cotuca), explica que o filme de polietileno tradicional foi tratado com um componente cujo nome é mantido em segredo, por questão de segurança. Ele começou a estudar esse mesmo componente ainda na graduação, quando procurou determinar sua capacidade de tornar o polietileno mais poroso. “Como frutas liberam água, tendem a apodrecer mais rapidamente quando embaladas em saco plástico. Se a embalagem permite uma evaporação mais eficaz, o período de permanência dentro do plástico aumenta. E tivemos sucesso nesta aplicação”, afirma.
O desafio seguinte, apresentado a Giesse pelo professor De Paoli, foi determinar se o componente também poderia estabilizar o polietileno.Realizou-se então um teste comparativo entre o plástico normal e o plástico tratado com o componente. Ambos foram submetidos a radiação ultravioleta por longo período, observando-se que o polietileno tratado teve seu tempo de vida reduzido em mais de 60%. “É um resultado muito importante principalmente para o gerenciamento de resíduos dos lixões”, esclarece. O plástico fotodegradável, uma mistura de polietileno-muito usado em embalagens e sacolas- com um polímero orgânico, se decompõe pelo menos duas vezes mais rápido que o plástico comum, que se desfaz em 20 a 30 anos. O material é resultado de uma tese de mestrado do pesquisador Ralf Giesse, sob orientação de Marco-Aurelio De Paoli. Segundo Giesse, as propriedades do plástico foram descobertas por acaso, quando estudava seu uso em embalagens de frutas.
“Queríamos checar se o segundo componente -o polímero orgânico- dava estabilidade ao material. Quando submetido a radiação ultravioleta, verificamos que o plástico ficava amarelado.” O pesquisador submeteu amostras de um filme de polietileno comum e de plástico fotodegradável a 300 horas de irradiação sob uma lâmpada ultravioleta. Ao final do experimento, verificou que o polietileno comum estava ligeiramente amarelado, enquanto a mistura de polietileno com o polímero orgânico estava bem amarelado e quebradiço, ou “fotodegradado”, como define.
O segundo componente do plástico fotodegradável -o polímero orgânico “secreto”- fica disperso na estrutura do plástico e atua como catalisador (substância que acelera uma reação química). “Com a adição do segundo componente, o tempo de decomposição do material cai pela metade. No final do processo, o material acaba voltando à natureza, inclusive sob a forma de dióxido de carbono.” Ele afirma que procurou três empresas da região para a industrialização do polietileno fotodegradável. Demonstraram interesse pelo plástico, mas até agora não surgiu proposta concreta.
Fonte:
http://www.unicamp.br/unicamp/canal_aberto/clipping/agosto2003/clipping030822_folha.html
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=12203
acesso em janeiro de 2004
http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/marco2006/ju316pag4b.html
acesso em agosto de 2007
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