Pneu Xapuri

Resultado de um acordo entre a Pirelli e cooperativas de produtores de borracha natural da região Norte do Brasil, está chegando ao mercado brasileiro o primeiro pneu fabricado no País (produzido na Pirelli em Feira de Santana/BA) com borracha natural Brasileira. Trata-se do Xapuri, um pneu convencional para eixos direcionais e livres, para ser utilizado por veículos de transporte de cargas e de passageiros, em percursos de média e baixa severidade. Segundo a Pirelli, seu desenho e composto de borracha foram projetados para assegurar boa dirigibilidade e aderência em pisos secos e molhados. O novo produto é disponível nas medidas 9.00-20 e 10.00-20 e será comercializado, inicialmente, nas regiões Norte e Nordeste.

 

De acordo com o diretor-presidente da Pirelli, Giorgio Della Seta, o lançamento de um pneu com 100% de borracha natural também faz parte da política de meio ambiente e desenvolvimento comunitário da companhia. A iniciativa é parte de um acordo firmado há mais de dois anos com cooperativas de produtores da região, e prevê o envio de especialistas da empresa para o treinamento em aprimoramento da mão-de-obra local para a melhoria dos processos de extração, produção e de beneficiamento das placas brutas de borracha. Com o lançamento do pneu Xapuri, a Pirelli estima que irá consumir mais de 150 toneladas da borracha produzida no País, principalmente nas localidades de Xapuri e de Sena Madureira, no Acre, garantindo trabalho e renda para mais de 300 famílias de seringueiros da região.

Colocar no mercado produtos de baixo impacto ambiental ou feitos por comunidades nativas consome tempo e investimento das empresas. A Pirelli, por exemplo, levou quatro anos para conseguir colocar no mercado o Xapuri, pneu fabricado com borracha extraída por seringueiros do Acre, que viviam em semiabandono na floresta desde que a extração da borracha entrou em crise na década de 80 por causa da queda no preço do produto no mercado. Para conseguir obter látex de qualidade, especialistas da fábrica italiana foram enviados ao Acre para treinar os seringueiros. Em 2001, o Xapuri só será comercializado no Norte e Nordeste. Até 2003, a produção envolverá 6.000 seringueiros, e o pneu será vendido em todo o Brasil e no exterior.

Uma mulher acostumada aos assuntos rurais, filha de seringueiro, alfabetizada só depois de adulta, procurou há cerca de três anos o presidente de uma multinacional, expert em administração de empresas e entendido até em fibra ótica. Ela é a senadora petista Marina Silva, do Acre. Ele, Giorgio Della Seta, um italiano formado em Direito e que dirige a Pirelli do Brasil. As diferenças entre os dois desapareceram assim que a senadora começou a falar sobre a decadência da borracha no Acre. Ela propôs que a empresa de Della Seta, uma das maiores do mundo na fabricação de pneus e fibras óticas, investisse na região. O recado de Marina foi objetivo: “O senhor não acha que tem um compromisso com os seringueiros que produzem a borracha que já serviu tanto para a Pirelli?”. Della Seta achou que sim. Três anos depois do encontro, a Pirelli está lançando um pneu para caminhão batizado de Xapuri. Segundo a empresa, será o único pneu no mundo a usar borracha extraída de seringais nativos.

A volta às origens da indústria é uma jogada institucional. “O Xapuri é um investimento social”, diz Della Seta. Com a ajuda de técnicos da empresa, os seringueiros da região aprenderam como produzir uma borracha de qualidade superior. “Gostaria que os nossos concorrentes também comprassem a borracha de lá. Se a atividade não tiver apoio das empresas poderá desaparecer”, adverte Della Seta.

 

Fonte:

http://www.cebds.com/jornal/responsabilidade.htm

http://www.revistaocarreteiro.com.br/ano2000/Edicao310/pneu310.htm

http://www.isegnet.com.br/mostre_noticias.asp

http://www.terra.com.br/istoedinheiro/138/negocios/neg138_07.htm

 

 

acesso em março de 2002

 

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