Ocorrem no mundo mais de 500 espécies de Phyllanthus. É uma espécie nativa no Continente Americano, ocorrendo desde os Estados Unidos até a Argentina. Também ocorre no Continente Europeu. No Brasil está presente em quase todo o território e são muitas as espécies, entre as quais plantas arbóreas e arbustivas, bem como plantas herbáceas, muitas com características de infestantes de lavouras. O nome Phyllanthus vem do grego “phyllon”, folha e “anthos”, flor, porque em algumas espécies as flores estão sobre ramos foliáceos dilatados. Como outras espécies de Phyllanthus, inclusive Phyllanthus tenellus que é uma planta nativa no Brasil, Phyllanthus niruri é tida como medicinal. Em diversas análises químicas foram extraídos compostos amargos, ácido ricinoleico, lignanas, flavonóides e alcalóides. Extratos aquosos de folhas e raízes tem mostrado efeito hipoglicemiante, diurético, ajudando na eliminação do ácido úrico. Contribui para a eliminação de cálculos renais (daí o nome de quebra-pedra) e de ajudar nas afecções do fígado que causam icterícia. Na medicina popular é usado infusão de 10g das folhas em um copo de água fervente.
Apesar de a cultura popular já adotar o chá de quebra-pedra há muito tempo, a medicina ainda reluta em utilizá-lo como forma de tratamento para cálculo renal – as pedras nos rins. Isso se deve, em grande parte, à falta de estudos científicos que comprovem a eficácia da Phyllanthus niruri, nome científico da quebra-pedra. Partindo disso, a química Ana Maria Freitas, em sua dissertação de mestrado defendida na Nefrologia da Unifesp, demonstrou como a planta pode beneficiar o tratamento dos pacientes com cálculo, se dosado seu uso. “Antes de utilizar, temos que saber se ela é tóxica, se altera a parte física ou mental dos doentes”, acrescenta a química. Por outros estudos, já se sabia que a planta não era tóxica, mas não existia nenhuma pesquisa conclusiva, feita seguindo um método que controlasse a quantidade do chá tomada por dia e as consequentes alterações que ocorrem na pedra. “Precisamos ter os dados detalhados, para saber dosar”, explica a pesquisadora. Nesse estudo de Ana Maria, para que nenhum componente químico da planta fosse alterado – o que pode ocorrer com o chá não tomado na hora -, ela utilizou o pó da quebra-pedra em um experimento que envolveu 58 ratos. Em dois grupos de animais foram plantadas minúsculas pedras na bexiga. Um grupo tomava extrato da planta diluído em água todos os dias em quantidade determinada e o outro só tomava água. Cada rato que não tomou o medicamento, depois de 42 dias, formou uma média de 12 pedras, enquanto os outros – que tomaram o pó da planta – apresentavam apenas três pedras. Além disso, a diferença de tamanho das pedras entre os grupos era grande. Nos do grupo “da água”, o peso de cada pedrinha era de 0,18g, enquanto os ratos medicados tinham pedras de 0,02g.
Após o experimento, as pedras formadas nos ratos foram analisadas para se explicar o porquê do resultado. Os cálculos inseridos eram de oxalato de cálcio – a parte mineral da pedra. Mas ela também é formada por moléculas maiores, que compõem a parte orgânica. A análise das pedras indicou que o chá impede a aderência de macromoléculas aos cristais de oxalato de cálcio porque reverte sua polaridade. “Os cristais se prendem à parede celular porque há uma atração elétrica entre ambos”, a química esclarece. “Os cristais têm carga positiva, e a parede celular, negativa. O Phyllanthus niruri parece mudar a polaridade da carga dos cristais, e inibir assim sua adesão ao túbulo renal.” O chá também relaxa o sistema urinário, o que facilita a expulsão dos cálculos.
Na formação do cálculo, essas macromoléculas – no caso da pesquisa os chamados “glicosaminoglicanos” – vão aderindo à parte mineral e atraem outras moléculas, fazendo a pedra crescer. Segundo a pesquisadora, a hipótese provável é que, quando se toma o chá, as substâncias interagem com essas macromoléculas, impedindo que outras moléculas venham a se juntar: “A planta cria um efeito protetor, fazendo com que novos componentes não se agreguem ao cálculo”, sugere a autora da pesquisa.
Fonte:
http://www.unifesp.br/comunicacao/jpta/ed142/pesqui5.htm
http://www.amazonialegal.com.br/AmazoniaLegal/textos/Ciencia_Pesquisas.htm
acesso em fevereiro de 2002
http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n628.htm
acesso em junho de 2002
http://www.professorberti.hpg.ig.com.br/plantasmedicinais/PLANTMNOP.htm
acesso em julho de 2002