Reômetro

 

Os fabricantes de concretos refratários, um negócio que movimenta anualmente, no Brasil, algo em torno de US$ 200 milhões e que representa 60% do mercado doméstico de refratários, o quinto maior produtor do mundo, poderão contar, em breve, com uma nova tecnologia desenvolvida em parceria entre a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Alcoa, que monitora parâmetros de qualidade intrínseca das matérias-primas utilizadas pela indústria cerâmica.

 

A iniciativa consiste na criação de um aparelho denominado reômetro, capaz de medir os níveis de tensão e de deformação dos diversos materiais utilizados na composição da massa cerâmica em suspensão que resulta nos concretos refratários, largamente utilizados pela indústria siderúrgica, os quais vêm substituindo os antigos refratários em formato sólido. O instrumento, com patente pedida no Brasil e nos Estados Unidos e que chega a detectar alterações em partículas com tamanho inferior a um fio de cabelo, mede o grau de viscosidade da suspensão (mistura de água e vários insumos) ao longo do tempo e determina o nível de resistência que o fluido impõe à movimentação do concreto refratário.

 


 

Pandolfelli explica que as aplicações de concreto pela forma bombeada, nas siderúrgicas, estão chegando a volumes muito altos, daí a importância de tecnologias avançadas nessa área. “Uma única obra pode consumir 250 toneladas e se houver a necessidade de inutilização de uma carga dessas, por falhas de desempenho das matérias-primas, o prejuízo poderá levar uma empresa a uma crise financeira”, diz ele. O desenvolvimento do reômetro impôs-se graças à crescente automação dos processos de aplicação de refratários pelas siderúrgicas, bem como à complexidade desses materiais. Um exemplo nesse sentido é a tecnologia de bombeamento que vem se tornando fator de primeira ordem nos processos industriais que exigem elementos cerâmicos. Ele é feito por meio de mangueiras de alta pressão e, em termos de velocidade na construção de uma unidade, representa uma evolução significativa comparado ao trabalho artesanal desenvolvido anteriormente, no assentamento de tijolos refratários. Em resumo, o concreto para refratário passou a ser uma massa em suspensão, resultante da mistura de várias matérias-primas e água, formando um composto semelhante à argamassa. O produto chega bombeado ao cliente, com essa consistência e características físico-químicas que, com a ajuda do reômetro, serão monitoradas com muito mais rigor técnico pelos fabricantes.

 

Com a experiência de quem atua há nove anos em projetos de desenvolvimento de concretos refratários, o engenheiro de materiais Carlos Pagliosa, doutor em engenharia de minas e metalurgia pela Universidade Federal de Minas Gerais, hoje trabalhando na Magnesita, afirma que “esse equipamento consegue materializar o que antes ficava no julgamento pessoal sobre o acerto reológico de concretos refratários”. “Minha maior participação nesse projeto foi utilizando o reômetro como ferramenta para determinação e estudo do comportamento dos materiais usados nos concretos. Isso é importante para que diminua o esforço do equipamento de bombeamento. Com isso, há uma economia razoável de tempo na realização de testes industriais e redução de custos, pois esses ensaios envolvem uma quantidade mínima de até duas toneladas de material.” Outra vantagem do equipamento, diz Pagliosa, é a possibilidade de avaliar o impacto da aplicação de aditivos no concreto, determinando, inclusive, o teor correto dos materiais utilizados.

 

Embora já existam em outros países equipamentos semelhantes ao que foi desenvolvido no Brasil, o reômetro é o único capaz de avaliar materiais cujo tamanho das partículas varia de centímetros a microns, como os que são usados em refratários, segundo o químico, mestre e doutorando em engenharia de materiais, Jorge Gallo, 18 anos trabalhando na Alcoa e indicado pela empresa como seu representante na parceira com a UFSCar.

 

Fonte: http://www.revistametalurgia.com.br/apresenta2.php?Pag_id=73&edicao=514

 

Acesso em janeiro de 2002

 

http://lattes.cnpq.br/8147197253761072

 

Acesso em fevereiro de 2009

 

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