O inventor Paulo César Rosato, ex-técnico em biologia ofídica, inventou em janeiro de 1999 um sanitário térmico, com unidade de resfriamento e congelamento de dejetos fisiológicos para ser instalado em banheiros de ônibus, aviões, navios e naves espaciais. O equipamento tem aplicabilidade também em hospitais e quiosques da orla marítima, bem como em locais onde se realizam eventos esporádicos. O princípio básico do banheiro térmico é uma unidade elétrica que funciona como um motor de geladeira que congela o material num reservatório. A temperatura pode ser controlada por computador, manualmente. O reservatório é revestido de poliuretano, material térmico, para que os dejetos fiquem conservados mesmo depois do motor desligado. Com isso, Rosato diz que acaba o problema do mau cheiro nos banheiros públicos.
Rosato garante que a invenção é inédita no mundo e com o diferencial que apresenta tem tudo para dar certo, principalmente no setor de transportes de passageiros. Todavia, o equipamento tem aplicabilidade em hospitais, em quiosques montados na orla marítima, em banheiros públicos e residências. A característica que destaca esse produto dentre os banheiros químicos comuns, é o fato de não ser poluente, traço que ressalta sua importância dentro de um contexto social que se preocupa com a degradação ambiental, proveniente de resíduos não biodegradáveis. Além disso o custo de produção da unidade de R$ 980 é considerado baixo em relação ao benefício proporcionado. O projeto de César Rosato iniciou-se há 8 anos, quando ele ainda era produtor de shows artísticos em diversas cidades. Em uma de suas viagens de ônibus de São Paulo para São José do Rio Preto sentiu-se bastante incomodado com o odor exalado do banheiro. Assim, colocou como um desafio a ele mesmo encontrar uma solução para aquele problema. Até chegar a resolução final o ex-técnico investiu R$143 mil.
Uma unidade elétrica, um reservatório, um bico injetor para limpeza, uma válvula para degelo, um sensor de nível, um termostato dupla-ação, uma tomada elétrica e uma saída de dejetos são os componentes básicos da invenção que trará maior conforto aos viajantes. O conjunto tem peso total de 32 quilos. O princípio elementar do equipamento é a unidade elétrica, que, a semelhança de um motor de geladeira, resfria e congela o material dentro do reservatório. O aparelho funciona com uma variação térmica que vai da temperatura ambiente até -60°C. Esse controle é executado pelo motorista por meio de comandos instalados no painel principal do ônibus. Essa alternância permite que o material fisiológico congele ou somente resfrie. A temperatura de resfriamento (a partir de 6°C) já inibe a produção de odores pelas bactérias. O ventilador da unidade elétrica direciona o ar comprimido para as serpentinas que ficam entre a caixa do reservatório e a caixa externa e é esse mecanismo de pressão que abaixa a temperatura do ar. O poliuretano, que funciona como isolante térmico, é o material instalado entre a caixa externa e o reservatório. O sensor de nível, serve para acionar um dispositivo de dupla ação que liga e desliga o equipamento automaticamente ao detectar a existência de material na temperatura ambiente. Um fator importante é que, ao ser desligado, o aparelho é capaz de manter os resíduos congelados devido a existência de placas metálicas no fundo do reservatório.
César Rosato partiu do princípio básico de que a produção de gases em material fisiológico ocorre quando ele é mantido à temperatura ambiente, ideal para a reprodução bacteriana. O congelamento desse resíduo leva, consequentemente, as bactérias a um estado de latência, ou seja, deixam de produzir os gases que causam o odor característico das fezes e da urina quando expostos por muito tempo a temperatura ambiente. O depósito sanitário tem capacidade para armazenar até 200 litros de material e 20 litros de água para a limpeza. Em caso de impossibilidade para esvaziá-lo pode ser acionado o dispositivo de congelamento, nesse caso à medida que as fezes caem no vaso sanitário elas congelam. O congelamento e o resfriamento são responsáveis pela eliminação de odores. Em caso de falta de energia, o uso do banheiro não fica prejudicado, já que o congelamento pode ser mantido por um tempo maior.
Há, ainda, um bico injetor para limpeza do equipamento, ele permite a instalação de uma mangueira que conduz a água pelos canos no interior do aparelho procedendo a limpeza. A válvula de degelo também auxilia na limpeza, por meio de um mecanismo de inversão térmica, o equipamento passa a esquentar, ao invés de esfriar. Não é necessário o uso de detergentes químicos, o que contribui para que não polua o meio ambiente. Outra vantagem do não uso de sabões químicos é que estes produtos, além de não eliminar totalmente o mau cheiro, com o passar do tempo ainda reforçam seu teor devido a aplicação sistemática. O equipamento, que segundo Rosato já está patenteado em 17 países, é produzido pela Casa da Fibra, em Brasília, e em fase de negociação com algumas empresas fabricantes de carroçarias para ônibus. De acordo com o inventor, vale a pena dizer que essa pode ser a solução para diversos problemas de âmbito público. O fato do equipamento ser um produto ecológico é atraente em um momento em que o seguimento industrial se preocupa com a produção de lixo químico e a falta de espaço para armazenamento. Outro ponto que ele ressalta é que o congelamento impede o desenvolvimento bacteriano, diminuindo as chances de se contrair doenças infecciosas, aspecto que o coloca como ideal para instalação em hospitais. No litoral, o sanitário térmico também pode ser bastante útil para colocação em praias, onde a infra-estrutura é praticamente inexistente obrigando, muitas vezes, as pessoas a fazerem suas necessidades fisiológicas no mar. Esse procedimento também leva as praias a se transformarem em veículo de diversas doenças. (Carolina Valadares)
A patente PI9704535 refere-se a um PROCESSO E EQUIPAMENTO DE RESFRIAMENTO E CONGELAMENTO DE MATERIAL FISIOLÓGICO, caracterizado por prever adaptação a banheiros móveis de rodonaves, aeronaves, trailles ou outros, compreendendo um equipamento formado por uma estrutura que compões a câmara de armazenamento de material fisiológico, revestida interna a externamente por chapas de aço inox galvanizadas, tendo tubo coletor superior, de entrada dos dejetos e micromotor mantenedor do sistema de refrigeração, prevendo sensor do nível de armazenamento do material doletado e tubo conditor para limpeza e higienização da dita câmara, com canalização de saída do material fisiológico e termostato de regulagem do resfriamento e congelamento do produto recolhido, ligado a uma fonte elétrica mantenedora do sistema.
Fonte: http://www.radiobras.gov.br/ct/1999/materia_311299_1.htm
acesso em abril de 2003
http://www.radiobras.gov.br/ct/1999/materia_150199_1.htm
acesso em março de 2007
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