Simulador de Reservatórios de Petróleo 3D

A partir dos anos 90, a Petrobras iniciou um processo de capacitação de centros de excelência em todo país, com o objetivo de difundir os conhecimentos já dominados e aprofundar as pesquisas e o desenvolvimento tecnológico na área de extração e refino. Entre os centros selecionados, estava o Laboratório de Simulação Numérica e Mecânica dos Fluidos e Transferência do Calor (SINMEC), da Universidade Federal de Santa Catarina. Como já tinha experiência na área de simulação numérica em fluidos, a parceria do SINMEC aconteceu na área de simuladores de reservatórios de petróleo. Dado a impossibilidade de se fazer experiências in loco, os simuladores de reservatórios estão entre as ferramentas mais poderosas na indústria petrolífera. Eles são modelos matemáticos estudados em computador que permitem considerar toda a complexidade da atividade petrolífera.

 

Antes de tudo é preciso descobrir no subsolo quais as regiões que possuem condições econômicas de extração e depois caracterizar os reservatórios. Ao contrário do que se pensa, o petróleo fica preso em vazios da rocha. Retirá-lo do meio da rocha não é tarefa fácil, tanto que a média mundial da retirada de petróleo é de 30%, ou seja 70% do óleo disponível, fica lá embaixo, a espera de novas tecnologias para retirá-lo com mais eficiência. A extração é feita basicamente de dois modos. Uma delas utiliza a sobrepressão do reservatório que, quando é atingido pelo poço, libera espontaneamente o petróleo. Mas, apenas de 3 a 5% do óleo disponível é retirado desta forma. O restante é extraído através da injeção, no reservatório, de outros fluidos, normalmente água. Poços injetores bombeiam água para aumentar a pressão do reservatório empurrando o óleo para os poços produtores. Onde perfurar esses poços? Quanto tempo poderá o reservatório produzir? Quando a água injetada em um local chegará aos poços produtores? Estas e outras questões são respondidas com o estudo do reservatório.

O objetivo dos pesquisadores era criar um simulador que pudesse ser facilmente utilizado por engenheiros e geólogos no estudo de campos petrolíferos. Uma característica do software desenvolvido, denominado SIRP3D – Simulador de Reservatórios de Petróleo 3D, é a interface amigável. Apenas com o mouse o usuário ativa e desativa poços, fornece vazões de petróleo e água, estabelece características do solo, como porosidade e permeabilidade. Além da interface gráfica, o SIRP3D possui um versátil sistema de visualização que mostra em três dimensões o movimento dos fluidos no reservatório. A criação do SIRP3D, em programação orientada a objetos (OOP) com interface gráfica amigável e um sofisticado sistema de visualização 3D, só foi possível através do uso de uma biblioteca de desenvolvimento de softwares denominada COI-lib (Classes and Objects for Interfacing). Esta biblioteca de programação, que recebeu o prêmio Max Award na Fenasoft de 1995 foi desenvolvida no SINMEC em sua primeira versão para sistemas UNIX, e em sua versão para Windows/Unix em parceria com a ESSS – Engineering Simulation and Scientific Software Ltda, uma empresa de base tecnológica sediada na incubadora do Tecnópolis em Florianópolis

Anelise Quintão Lara, chefe do Setor de Integração de Geologia e de Reservatórios, da Petrobras, diz que o algoritmo embutido no simulador apresenta a mais moderna tecnologia numérica, permitindo que reservatórios com geometrias irregulares possam ser estudados. Depois de concluído, o SIRP3D está recebendo inovações. O objetivo é permitir que o SIRP3D possa operar integrado a importantes softwares internacionais da área de geologia. “A partir dessa integração, geólogos e engenheiros de reservatórios poderão utilizar a mesma ferramenta para analisar reservatórios, o que representa uma importante inovação na área de simulação de reservatórios de petróleo”, diz o prof. Clóvis Maliska, coordenador da pesquisa.

 

Fonte:

http://www.sinmec.ufsc.br

 

acesso em maio de 2003

Tecnologia & Inovação para a indústria, Sebrae, 1999, página 194

Posso ajudar?