A origem do Grupo de Uroginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP deveu-se ao pioneirismo do Prof. Dr. Paulo Palma. O Grupo de Uroginecologia iniciou suas atividades em 1993, integrado, ainda pelo Prof. Dr. Cássio Luís Zanettini Riccetto. O grupo foi pioneiro no desenvolvimento de próteses biológicas heterólogas para aplicação na forma de slings sub-uretrais. Nessa linha, um estudo acerca de um sling de colágeno desenvolvido na UNICAMP, mereceu destaque no Congresso da American Urological Association em 1997 (The Journal of Urology 1997, 157: 406) e foi agraciado em 1998 como o Prêmio máximo da Sociedade Iberoamericana de Neurourologia e Uroginecologia.
O desenvolvimento de alternativas de tratamento conservador da incontinência há muito representam uma das preocupações do grupo. Em 1996 apresentou os resultados iniciais com um obturador uretral de baixo custo, desenvolvido na UNICAMP, e adequado à realidade econômica brasileira (Rev. Bras Gin Obst 1996, 18:437). O Grupo foi premiado nacionalmente 8 vezes pela Sociedade Brasileira de Urologia ou pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões. No âmbito internacional, conquistou por 3 vezes o Prêmio Antônio Puigvert, concedido pela Confederação Americana de Urologia, e por 1 vez o prêmio da Sociedade Ibero-americana de Neurourologia e Uroginecologia, concedido em 1998 ao trabalho: A propósito de um sling pubovaginal de colágeno – estudo experimental.
A bexiga é um reservatório de urina e em condições normais suporta grandes pressões sem que ocorra perda urinária. Imaginem por exemplo à pressão que suporta a bexiga de um corredor de maratona, ou a de uma jogadora de vôlei, ou mesmo a de um piloto de caça a jato, este submetido a um stress de várias vezes a força da gravidade. Se a bexiga não possuísse um sistema de esfíncter, e que é muito eficiente, atletas, pilotos e tantos outros personagens estariam molhados de urina com grande frequência. A bexiga pode ser comparada a uma bola oca, pouco menor que uma bola de futebol de salão e que pode armazenar de 350 a 5000 ml de urina, um pouco mais do que uma latinha de refrigerante. Esta é a chamada capacidade funcional da bexiga, que pode ser artificialmente aumentada, como no indivíduo anestesiado, podendo chegar até a 1 litro. A parede da bexiga é composta por várias camadas sendo muito importante a camada muscular, chamada detrusor. Quando vazia a bexiga urinária encontra-se colapsada tal qual a uma bexiga de borracha antes de ser enchida.
O funcionamento da bexiga é comandado por um sistema de computadores, composto pelos nervos que se concentram numa região da bexiga que tem a forma de um triângulo e por isso é chamada de trígono e que é delimitado superiormente pelos orifícios de entrada dos ureteres na bexiga e inferiormente pela uretra. Há dois tipos de nervos, os chamados sensitivos, que como o próprio nome sugere são responsáveis pelas sensações e os motores, que são responsáveis pela contração muscular. O enchimento vesical ocorre lentamente e vai distendendo a parede da bexiga de maneira que as fibras dos nervos sensitivos transmitem sinais para a medula espinhal que daí serão transmitidos ao cérebro, dando a sensação e consciência da bexiga cheia. O cérebro por sua vez envia sinais de resposta para a bexiga através da medula e para o esfíncter externo através do nervo periférico chamado pudendo.
O esfíncter externo possui um componente de músculo estriado, de caráter voluntário como qualquer músculo das nossas mãos, que podemos mover com o pensamento. Assim, se o momento for adequado, o cérebro envia um sinal para o esfíncter para que se relaxe e para a bexiga, permitindo que ela se contraia, ocorrendo dessa maneira à micção. Caso o momento não seja adequado ou não haja um banheiro nas proximidades, o cérebro envia uma mensagem para o esfíncter para que se contraia, ao mesmo tempo em que envia mensagem para a bexiga impedindo a sua contração. A bexiga é um músculo liso e portanto de contração involuntária, quer dizer, que se contrai de maneira reflexa quando a bexiga se enche. O cérebro entretanto pode modular, isto é, inibir ou facilitar este reflexo. O cérebro imaturo do recém-nascido não é capaz de exercer este controle sobre a bexiga ocorrendo à micção de maneira reflexa, ou seja, quando o volume de urina atinge um determinado nível a bexiga automaticamente se contrai. Todos estes fenômenos ocorrem de uma forma sincronizada, conhecida como micção sinérgica, o que quer dizer que em condições normais, quando a bexiga se contrai o esfíncter se relaxa e vice-versa.
Em condições normais a bexiga é enchida lentamente sendo capaz de armazenar urina por várias horas sem nenhum desconforto. Após atingir determinado volume a bexiga envia ao cérebro a sensação de plenitude vesical e no momento oportuno e de maneira voluntária inicia-se a micção. A incontinência urinária ocorre quando a bexiga não consegue armazenar a urina ou é incapaz de se esvaziar completamente.
Fonte:
http://www.fcm.unicamp.br/departamentos/cirurgia/urologia/uroginecologia.html
http://www.caunet.org/articulos/hiper.htm
http://www.urocontemp.com.br/u_consultorio.html
Acesso em abril de 2002
Cronologia do Desenvolvimento Científico e Tecnológico Brasileiro, 1950-200, MDIC, Brasília, 2002, páginas 274, 298