Pensando nas vantagens e desvantagens do atual modelo de compras via web o mestrando Gustavo de Paula, do Departamento de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (DI/UFPE) está desenvolvendo um software de negociação para o comércio eletrônico. “O programa está em fase de testes e uma segunda versão deve ficar pronta até o final deste ano, quando termino o mestrado”, afirma Gustavo, que está sendo orientado pelo especialista em inteligência artificial da UFPE, professor Geber Ramalho. A proposta é que o site tenha à disposição um agente vendedor e o internauta, uma versão de comprador. Com essa ferramenta, o usuário entra no site, dá as especificações do que quer comprar e ativa o seu agente para efetuar a compra. “Atualmente, ao comprar pela Internet o consumidor é obrigado a aceitar determinado preço e prazo de entrega disponível no site”, afirma Ramalho acrescentando que o uso de agentes inteligentes vai possibilitar uma maior integração entre comprador e vendedor.
Segundo o mestrando o projeto, pioneiro no Brasil, segue uma tendência já verificada em lugares como o Massachussets Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Na primeira versão do software, é simulada a negociação para se adquirir um CD, com a discussão do preço do produto e do frete. A intenção do estudante é que, futuramente, a troca de informações gire em torno de muitos produtos e fatores. “A negociação pode envolver preço, quantidade, tempo de entrega, preço do frete por unidade etc”, declara. A ideia é que os agentes possibilitem uma troca maior de informações entre o cliente e a loja na hora da compra de um produto pela Internet. O usuário entra na loja virtual, informa o livro de um determinado autor, o quanto pensa em dispender com a compra e o prazo de entrega desejado. Do outro lado, o vendedor irá responder a essas questões e ainda oferecer um preço mínimo. “O usuário preenche caixas de diálogo para configurar o agente e depois pode acompanhar o desenrolar da negociação através de uma janela”, explica Ramalho.
O acompanhamento do processo, porém, não é necessário. A ferramenta trabalha off-line. Caso deseje fazer uma pesquisa por várias livrarias em busca do preço menor para o produto desejado, o internauta ativa o agente, e pode desligar o micro que o programa trabalhará. “Quando terminar a pesquisa, será enviado um e-mail e o programa se auto pagará”, conta o professor Geber Ramalho. Desenvolvido em linguagem Java e usando a tecnologia Aglets, o programa se move, em tempo de execução, para um outro computador (no caso do usuário, o software se mudará para o servidor onde estará o site de compra). “Com essa mobilidade, não sobrecarregará a rede”, explica o professor. O orientador do projeto admite que para um produto como este se consolidar no mercado é preciso que as empresas sintam a necessidade de um agente vendedor. Segundo ele, não vai ser fácil incutir esta mentalidade nas empresas “É uma questão cultural e se formos avaliar o problema cultural é bem mais profundo, afinal, o volume de vendas pela Internet ainda é relativamente pequeno. A nossa preocupação é oferecer a tecnologia”, acrescenta.
Fonte:
http://www2.uol.com.br/JC/_1999/0903/if0303d.htm
http://www.cesar.org.br/analise/n_23/fra_soft-ufpe.html
acesso em setembro de 2002