A empresa Vallée S/A, da área veterinária, solicitou ao IPT e a Unicamp (IB – Lab. Micro. e Imunologia) o desenvolvimento de 2 vacinas contra a salmonelose bovina. O projeto foi encaminhado e aprovado junto ao PADCT/FINEP, recebendo o Prêmio Opp/ABEQ de Pós Graduação 2001 – Versão Doutorado para a pesquisadora Elisabeth Augusto. Ambas as vacinas estudadas consistem da bactéria Salmonella thyphimurium. No caso da vacina inativada (tema da tese da pesquisadora Elisabeth de Fatima Pires Augusto) utiliza-se uma linhagem selvagem inativada. No caso da vacina atenuada, a linhagem sofreu modificação genética (etapa desenvolvida na Unicamp). A vacina inativada consiste da célula bacteriana inativada (morta). A vacina atenuada é uma linhagem modificada geneticamente, com auxotrofia para compostos aromáticos que é formulada viva. A salmonelose é uma doença que ocasiona principalmente diarreia e é mais comum em bezerros, sendo que a proliferação da doença ocorre por contaminação cruzada entre animais, sobretudo quando confinados. Embora o desenvolvimento da vacina está praticamente pronto em escala de laboratório, ela ainda não se encontra no mercado porque a empresa que participava do projeto entendeu que o produto não tinha viabilidade econômica para ser introduzido no mercado.
Elisabeth explica que: “As técnicas de engenharia bioquímica foram utilizadas no sentido de otimizar a produção, tanto do ponto de vista da produtividade quanto da qualidade do produto final. Esse último aspecto é essencial no desenvolvimento de produtos biologicamente ativos. Neste trabalho, particularmente, a técnica de operação em modo contínuo foi extremamente útil na definição das condições ótimas para a qualidade do produto.” Os estudos feitos em processo contínuo permitiram isolar o efeito de cada uma das variáveis estudadas : meio de cultura (glicose, magnésio, nitrogênio) e vazão específica de alimentação. Nessa condição de estudo, pudemos identificar que concentrações de glicose de aproximadamente 30 g/L, de magnésio de 30 mg/L e de nitrogênio de 5 g/L maximizaram a relação (número de monômeros) / (teor de Lipídio A) que é interessante pois permite ter um efeito imunológico adequado com reduzido efeito tóxico pelo Lipídio A .
Elisabeth de Fatima Pires Augusto é pesquisadora sênior do Agrupamento de Biotecnologia da Divisão de Química desde 1985. Doutora em Engenharia Química pela Escola Politécnica da USP (1999) ela é coordenadora da área de fermentação alcoólica (1987-1990) e Coordenadora da área de cultura de células animais desde 1993. Sobre o contato do pesquisador com a indústria Elisabeth conclui: “devo dizer que não é tão fácil, há um longo caminho a percorrer. É preciso que ambas as partes reconheçam que os interesses nem sempre são exatamente os mesmos mas é sempre possível chegar a um denominador comum que satisfaça ambos”.
Maria Tereza Terreran diretora de Gestão tecnológica da Vallée explica como se deu a relação universidade empresa: “Outro caso muito interessante foi o desenvolvimento conjunto de uma vacina contra Salmonelose bovina. Estavam envolvidos a empresa privada Vallée, o IPT na área de fermentações e a Unicamp na área de engenharia genética. Apresentado o projeto ao PADCT, este foi aprovado. Depois, tivemos de enfrentar uma negociação dificílima com a Finep, que exigia, no contrato a ser assinado com a empresa e com as universidades, 50% dos royalties decorrentes da comercialização da tecnologia. Esta negociação durou de 1992 a 1994. Ao final, a Finep, sensatamente, acabou com essa história dos “royalties da Finep”. A Vallée e seus consorciados derrubaram isso. Ficou estabelecido o seguinte: as patentes decorrentes do projeto ficariam divididas entre as três instituições envolvidas. Com relação aos royalties 2% do faturamento bruto seriam entregues às instituições – quem iria comercializar obrigatoriamente era a Vallée. Então, no caso do convênio entre Vallée, IPT e Unicamp, estaríamos trabalhando com 0,75% do faturamento bruto para a Unicamp, 0,75% para o IPT e 0,5% para um fundo de pesquisa das três instituições e, que só valeria para projetos que favorecessem as três simultaneamente. Este é um caso de sucesso. A vacina ativada está desenvolvida. Quando a gente trabalha com uma vacina ou com uma tecnologia bastante conhecida, a gente de fato adquire essa tecnologia: a gente negocia o preço, compra, leva, transfere a tecnologia e implementa. desenvolvemos o que nós chamamos de “Modelo Vallée de Alianças e Parcerias”, que é utilizado nos processos de negociação de tecnologia da empresa.”
Fonte:
http://www.ipt.br/tecnologia/chat/?ARQ=48
http://www.abeq.org.br/premio_opp_venc.asp
Acesso em agosto de 2002
http://www.redetec.org.br/repict/download/anais1998.zip
