Tratamento de Solo por Energia Solar

Muitos agricultores não têm um costume que poderia melhorar a qualidade de sua produção e eliminar a disseminação de doenças: o tratamento do solo usado para plantar mudas. Mas uma nova técnica de tratamento, baseada na energia solar, pode reverter esse quadro. Trata-se de um coletor solar mais barato e mais seguro do que os métodos tradicionalmente usados. O equipamento, desenvolvido pela engenheira agrônoma Raquel Ghini, do Centro de Meio Ambiente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Jaguariúna (SP), possibilita a captação da energia solar para aquecer o solo. Dessa maneira, os patógenos – microrganismos prejudiciais às plantas – são eliminados pelo calor.

 

O processo é simples: em uma caixa de madeira, coberta por plástico, colocam-se seis tubos metálicos. O solo é depositado nesses tubos, que podem atingir uma temperatura de até 80ºC em dias de sol. De acordo com Raquel, meia hora de exposição a uma temperatura de 60ºC já basta para eliminar todos os patógenos. Os principais microrganismos que provocam doenças nas plantas e que morrem com o calor produzido pelo coletor são fungos, bactérias e nematóides, como o Meloidogyne, que afeta raízes. Alguns microrganismos que beneficiam as plantas são mais resistentes, pois são mais adaptados ao solo e menos sensíveis ao calor. Mesmo assim, uma parte deles é eliminada pelo dispositivo.

O equipamento tem vantagens em relação ao tratamento químico com brometo de metila (o método tradicionalmente usado). Essa prática apresenta riscos para a planta, para o aplicador e até para a camada de ozônio, por causa da capacidade de reação do composto com o ozônio. Além disso, o brometo de metila elimina todos os microrganismos do solo, tanto os maléficos quanto os benéficos. “Já o coletor solar não é uma técnica química, não agride o aplicador, o ambiente e o solo, e nem causa fitotoxicidade para a muda, além de ser fácil de fazer”, garante Raquel. Segundo ela, a planta cultivada em solo tratado pelo coletor desenvolve taxas melhores de crescimento, por ação dos microrganismos benéficos sobreviventes. O agricultor pode fabricar seus próprios coletores a um custo muito baixo, com material existente em sua propriedade e até sucata. O dispositivo, que já conquistou adeptos entre agricultores brasileiros, pode ser usado em qualquer tipo de solo e beneficia todo tipo de planta. “Mas não basta o solo ser saudável”, previne Raquel. “É preciso tomar uma série de medidas para que a água usada na irrigação e a própria muda sejam saudáveis.”

 

Fonte:

http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n094.htm

 

acesso em março de 2002

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