Própolis contra Cárie

Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Centro de Biologia Oral da Universidade de Rochester (EUA) estão patenteando um processo que utiliza substância descoberta no própolis brasileiro no combate à placa bacteriana, um dos principais vilões combatidos nos consultórios dentários. Os pesquisadores descobriram que a substância que as abelhas utilizam como cimento na construção de suas colônias é capaz de combater a GTF, uma enzima responsável pela cola biológica que estrutura a placa bacteriana. Testes em laboratório verificaram que o própolis reduz em 95% a ação da GTF. Em animais, a redução foi de 60% a 70%. A ausência dessa enzima gera danos ao ecossistema de uma das substâncias que mais causam doenças bucais, o Streptococcus mutans.

Mas não se trata de qualquer própolis. Como a substância é feita com o material que as abelhas encontram na natureza, há diversas variedades, algumas sem nenhum valor no combate à placa bacteriana. As pesquisas em que se obteve sucesso foram feitas com material recolhido em Minas Gerais e São Paulo (na cidade de Piracicaba). Só no Brasil, por exemplo, há própolis com doze tipos de composições químicas diferentes. O estudo é feito por Michel Hyun Koo, de Rochester (que apesar do nome e da colocação, é brasileiro e formou-se na Unicamp), Jaime Cury, Pedro Rosalem e Yong K. Park, da Unicamp.

A pesquisa sobre a aplicação do método e a verificação de sua eficiência na formação da placa bacteriana será publicado no Journal of Clinical Periodontology. Este estudo trará a informação sobre a aplicação do método em humanos: em voluntários, houve uma redução de até 40% da formação da placa bacteriana após o tratamento com própolis. Outras substâncias químicas já disponíveis, como a cloroexdina, são capazes de redução maior da palaca em humanos (em até cerca de 70%), mas causa grandes efeitos colaterais, como redução na sensibilidade do paladar, o que não acontece com o própolis, produto totalmente natural. 

A própolis é obtida a partir de uma resina que as abelhas retiram das plantas e utilizam para fechar frestas da colméia, o que evita a entrada de vento frio e insetos e impede a ação de fungos e bactérias. Ao ser transportada para as colméias na boca das abelhas, a resina se transforma em própolis. Em países de clima temperado são poucas as plantas que produzem essa resina, mas no Brasil há uma grande variedade delas. Os cientistas estudaram 500 amostras de própolis do Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-oeste do Brasil, que foram classificadas em 12 grupos diferentes. Depois de testar a atividade antimicrobiana de cada grupo, constatou-se que os grupos 3, 6 e 12 — encontrados respectivamente no Sul, Nordeste e Sudeste — apresentaram maior atividade contra a Streptococcus mutans, bactéria encontrada na saliva humana, responsável pela formação de placa bacteriana e, em seguida, da cárie. 

A cárie é o processo de dissolução do dente causado quando o ph da boca se torna ácido. Conforme esclarece o professor Yong Park, a acidez pode ser provocada pela S. mutans, que produz a enzima glucosiltransferase (ou Gtf) e a utiliza na quebra da sacarose (açúcar) em glicose e frutose. A partir da glicose, a bactéria sintetiza o membrano (polímero de açúcar) e o deposita na superfície dos dentes, onde passa a sobreviver. “Toda vez que é ingerido açúcar, mais membrano é formado entre as bactérias, o que constitui a chamada placa de massa bacteriana”, explica Park. “Ali, as bactérias produzem ácidos orgânicos que diminuem o pH do dente e o fazem dissolver.” Na própolis selecionada (produzida por abelhas da espécie Apis mellifera), os pesquisadores identificaram a presença de apeginina, um composto fenólico com ação antimicrobiana. A apeginina inibe a ação da enzima Gtf e impede a bactéria de fazer a quebra da sacarose. Em seguida, o composto mata a bactéria e evita a formação da placa. 

Ao testar a propriedade anticariogênica da própolis com ratos, os pesquisadores perceberam redução de 60 a 70% na formação da placa bacteriana. Nos voluntários que fizeram tratamento com o produto, a redução na formação da placa foi de até 40%. Segundo Park, a Unicamp e a Universidade de Rochester solicitaram em parceria a patente sobre a apeginina. “Futuramente, o composto retirado da própolis deve ser colocado no mercado sob a forma de pasta de dentes ou soluções bucais.” A pesquisa sobre a aplicação do método e a verificação de sua eficiência na formação da placa bacteriana será publicado no Journal of Clinical Periodontology. 

Este estudo trará a informação sobre a aplicação do método em humanos: em voluntários, houve uma redução de até 40% da formação da placa bacteriana após o tratamento com própolis. Outras substâncias químicas já disponíveis, como a cloroexdina, são capazes de redução maior da palaca em humanos (em até cerca de 70%), mas causam grandes efeitos colaterais, como redução na sensibilidade do paladar, o que não acontece com o própolis, produto totalmente natural. 

Fonte: http://www.prometeu.com.br/noticia.asp?cod=167 
http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n480.htm 
acesso em maio de 2002
Cronologia do Desenvolvimento Científico e Tecnológico Brasileiro, 1950-200, MDIC, Brasília, 

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