Os departamentos de engenharia civil e engenharia de materiais da UFPB uniram-se com o objetivo de pesquisar soluções para diversos resíduos comuns da região. Entre eles, alguns que não podem ser reciclados para a mesma utilização, como por exemplo as sobras do mármore, que não podem ser reaproveitadas como placas de mármore. os pesquisadores fizeram estudos com resíduos de mármore, granito, isopor, plástico, vidro e mais recentemente com resíduos de couro. A partir dos testes em laboratório, os resíduos serãos utilizados na fabricação de material para construção civil, como placas, blocos de fechamento e estruturais, pedras ornamentais e tijolos, com propriedades isolantes e termo-acústica. “A adminsitração do lixo no Brasil é um verdadeiro caos. Aquilo que vulgarmente se chama lixo é uma mistura de sucata que, com a coleta seletiva e adequada, pode tornar-se luxo na construção civil”, afirma Edson Pereira, um dos pesquisadores do projeto. Os pesquisadores do grupo estimam que só em Campina Grande (PB) são jogados no lixão cerca de oito toneladas por mês apenas de resíduos de vidro. A pesquisa é feita sob coordenação de Francisco Edmar Brasileiro, membro da Associação Técnico Científica Ernesto Luiz de Oliveira Júnior (Atecel), uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, formada por professores da UFPB em 1967 para financiamento de projetos e pesquisas de seus membros.
O material para ser reciclado vem, em boa parte, de 20 famílias que estão fazendo a coleta seletiva em casa e doando sucatas para o projeto. Outra parte do material é proveniente de empresas que trabalham com granito e mármore. O projeto encontrou inclusive uma forma de reutilizar o pior resíduo desse tipo de atividade: a polpa abrasiva da serragem do mármore e do granito, a chamada lama de serragem. Ela pode ser transformada em tijolos e blocos estruturais e de fechamento. Se a reciclagem e reaproveitamento fossem feitos industrialmente em larga escala, seria possível utilizar todo o resíduo gerado na extração do granito e mármore. Hoje parte da sperdas no corte dos blocos de granito são transformadas em brita. Mas a lama resultante do processo não tem como ser reciclada. Por isso o projeto é muito importante para empresas do ramo, já que a lama será transformada em tijolos e blocos. Outros países já reciclam esse tipo de material, como a Itália que reaproveita as sobras que são misturadas a resinas. Mas o produto final acaba saindo tão caro quanto uma placa de mármore ou granito original.
No caso do projeto Resolitos, os blocos reciclados de granito e mármore podem ser utilizados na construção de casas populares. Com a utilização dos resíduos de granitos e mármore na construção civil, há a estimativa de que os custos de construção sejam reduzidos em 25%. O barateamento do custo da reciclagem foi possível graças ao desenvolvimento de novo tipo de aglomerante, que substitui as resinas de custo elevado utilizadas em outros países. O aglomerante será patenteado e permitirá que o preço dos blocos mantenham-se em níveis baixos.Além de ser utilizada na construção civil, a reciclagem amplia o mercado de venda de peças de decoração, uma vez que o produto reciclado é mais barato e é tão decorativo quanto o original. Uma das indústrias que já se mostrou interessada é a Poligran, – Polimento de Granitos do Brasil, de Campina Grande, que vende produtos de granito:“a produção e comercialização do granito reciclado á altamente viável. Além do seu baixo custo, a reciclagem resolve 100% do problema dos resíduos na fábrica”, diz Antonio Toledo, diretor presidente da Poligran. Toledo está aguardando os últimos estudos e a conclusão do projeto para iniciar a fabricação de tijolos e blocos a partir do granito reciclado.
Fonte:
Tecnologia & Inovação para a indústria, Sebrae, 1999, página 144
acesso em agosto de 2003
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