Soro Antiofídico sem Alergia

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro sintetizaram um conjunto de substâncias que podem se tornar alternativas ao soro antiofídico. Derivadas de plantas comuns no Brasil, essas moléculas foram eficientes em proteger roedores contra cinco tipos de veneno de serpente, e sem causar reações alérgicas. Os potenciais antiofídicos foram produzidos por um grupo do Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais da UFRJ, com base em substâncias que ocorrem em duas plantas: a Eclipsia prostata e a Harpalicia brasiliana. Esta última foi descoberta por Francisco Matos, da Universidade Federal do Ceará, e é usada no interior do Nordeste em garrafadas contra picada de cobra.

Ensaios realizados pelo grupo de Paulo Roberto Ribeiro Costa e Paulo Melo com camundongos mostraram que moléculas derivadas de ambas foram eficazes em proteger tecido contra o veneno, que destrói as células. “Se a substância é dada junto com o veneno, ela protege até 60% do tecido”, diz Melo. A eficiência cai para 25% se a droga é administrada 15 minutos depois do envenenamento –intervalo longo para camundongos.

Segundo Costa, as duas substâncias são capazes de proteger contra uma grande variedade de venenos de serpente, enquanto o soro antiofídico tradicional, derivado do sangue de cavalos, é específico para um determinado veneno. Por serem produzidas por plantas, e não pelo sistema imunológico de um animal, elas também causariam menos alergias. As drogas sintetizadas pelos cientistas do Rio provavelmente funcionam inibindo a fosfolipase, uma enzima (tipo de proteína) presente em concentrações altas no veneno de cobra que ajuda na digestão dos tecidos. O grupo está agora desenvolvendo uma nova geração de moléculas sintéticas, ainda mais eficientes, já com patentes em vista. 

Fonte: 
 “Antiofídico desenvolvido no Rio protege roedor sem causar alergia” Fonte: Folha On-Line 6/7/2004
 
acesso em julho de 2004

Posso ajudar?