São pouquíssimos, em todo o mundo, os medicamentos formulados à base de venenos animais. No exterior, o primeiro para uso comercial só foi liberado recentemente. É o Ziconotida, feito a partir de substâncias retiradas de caramujo marinho e destinado a pacientes terminais que sofrem dores intensas. Um outro, bastante difundido nos últimos anos por causa de seu uso na cirurgia plástica, é o Botox, produzido por multinacionais a partir da toxina específica de uma bactéria. Coordenada pelo professor Marcus Vinícius Gomez, a pesquisa na UFMG caminha na mesma direção e já comprovou que toxinas de aranhas e escorpiões são capazes de controlar a dor e regular os batimentos cardíacos, além de interferir no tratamento de isquemias cerebrais. O que se tenta agora é conhecer as doses ideais para a produção dos medicamentos.
O ICB trabalha também para melhorar soros antiescorpiônicos e antiaracnídeos, tornando-os mais eficientes. Em colaboração com a Universidade Federal do Paraná, a UFMG desenvolveu um dos produtos utilizados para a produção de soros contra a “aranha marrom”, um grande problema social no Sul do País. Por causa de um desequilíbrio ecológico, a população desse tipo de aranha se alastrou enormemente, e as práticas de combate têm sido ineficazes. A picada da aranha marrom não dói, mas pode causar, além de graves problemas renais, necroses que exigem, muitas vezes, enxertos de pele. A UFMG entrou com pedido de patente do soro, e os pesquisadores agora analisam as possibilidades de desenvolvimento da vacina contra a picada dessa espécie. Os testes em animais ainda não foram concluídos. Mas em fase de produção está o soro contra o escorpião amarelo, comum na capital mineira. Dessa pesquisa participou também o professor Carlos Chavez Olortigui, do departamento de Bioquímica.
Fonte: http://www.ufmg.br/diversa/1/biologicas.htm
acesso em novembro de 2005