Sondas transdutoras de varredura setorial existente á época tinham como desvantagens a necessidade de um motor relativamente forte, ademais por dificuldades de construção mecânica o sistema sensor era colocada junto ao eixo do motor, não compensando desta forma erros e folgas no sistema de conversão do movimento. Na patente proposta uma sonda de varredura setorial, possui um cristal transdutor imerso num líquido contido numa câmara de formato cilíndrico. A sonda oscila em torno de um eixo produzindo o movimento de um arco. O sistema permite que se utilize como sistema motor um galvanômetro de fero móvel, normalmente utilizado em eletrocardiógrafos e registradores gráficos, ao invés do tradicional motor elétrico. Sendo o galvanômetro um dispositivo que converte energia elétrica diretamente em movimento angular, não é necessário um sistema de conversão de movimento. O sensor de posição pode ser montado diretamente no eixo de oscilação do transdutor, eliminado erros que seriam introduzidos por folgas. José Colucci descreve o desenvolvimento do produto: “Antes de usar um galvanômetro na sonda de ultrassom, tentamos reproduzir a tecnologia de multi-transdutores dos equipamentos importados”. Nestes sistemas, um motor elétrico de corrente contínua faz girar um cilindro no qual estão montados radialmente três ou mais transdutores de ultrassom. Os transdutores são comutados de forma que apenas o transdutor que num determinado momento esteja voltado para o corpo do paciente esteja ativo. Tivemos dificuldades de toda a sorte com essa tecnologia, por exemplo: Comutar os transdutores através de um sistema sem fios, seja através de um transformador rotativo ou de contatos deslizantes é difícil. O pequeno motor de corrente contínua que é usado para girar os transdutores induz ruídos elétricos no sistema, especialmente nos contatos rotativos ou transformador rotativo. Os transdutores têm que ser alinhados pelo eixo acústico, não por sua geometria externa, o que requer equipamentos especializados.
Outra ideia foi usar um único transdutor e mecanismos para converter o movimento rotativo de um motor em movimento oscilatório do transdutor. O problema é que sistema exige velocidade praticamente constante do transdutor e os mecanismos tendem a produzir movimentos senoidais ou complexos, dependendo do arranjo. Considerando essas dificuldades, tivemos a ideia de usar um galvanômetro como motor, produzindo o movimento oscilatório através de um gerador de frequências e amplificador. Trabalhando em malha fechada, através de um codificador óptico, o sistema pode ser induzido a produzir velocidades praticamente constantes durante a maior parte do ciclo e acelerações controladas na parte não utilizável do ciclo, nas extremidades. A maneira como isso foi feito é muito interessante e daria mais de uma patente, que nunca nos preocupamos em obter. “Uma figura central no desenvolvimento dessa tecnologia foi o engenheiro russo naturalizado brasileiro Vladimir Geraseev, que trabalho comigo nesse período”.
Colucci avalia seu período de trabalho na Funbec: “Eu trabalhei na FUNBEC de 1979 a 1988. Para mim foi um sonho, pois eu conhecia a FUNBEC há muito tempo. Desde criança eu tomava acordava, vivia e dormia ciência. Tinha, como muitos de nós, laboratório no fundo do quintal. Graças ao incentivo do meu primeiro professor de ciências, o inesquecível Luiz Grecco, eu, que morava em Valinhos, tinha a chance de ir a São Paulo para participar das feiras de ciência que a FUNBEC organizava. Muita gente pensava, erroneamente, que a FUNBEC era um órgão público. Na verdade era uma fundação de direito privado cuja única fonte de renda era a venda de produtos. Nós ganhávamos dinheiro com a venda de equipamento médico-eletrônico e gastávamos com o ensino de ciências. A USP cedia o espaço para a área educacional e administrativa, mas a FUNBEC tinha uma fábrica de 15 mil metros quadrados em Alphaville. Em 1988 eu ganhei uma bolsa da Fulbright para estudar nos EUA. Na época eu era gerente geral da Divisão de Engenharia Médica. Saí para ficar dois anos e voltar. Enquanto estive fora, a FUNBEC faliu, em parte por má administração, em parte por causa do sindicato dos metalúrgicos de Osasco, em parte por causa do plano verão do governo Collor. Na verdade não faliu assim, de repente. A Divisão Médica, incluindo a fábrica foi vendida para pagar dívidas trabalhistas. Sem fonte de renda própria, a FUNBEC ficou dependente de fontes de financiamento do governo para sustentar os programas de ensino de ciências e foi agonizando até morrer.”
Fonte:
Agradeço a José Colucci ([email protected]) pelo envio de informações em maio de 2004 para composição desta página
http://br.groups.yahoo.com/group/ciencialist/message/12654
Acesso em março de 2005