Oracle mudou imagem ao apostar em parcerias com startups – Opinião é de Reggie Bradford, diretor da empresa, que também falou sobre a aceleração de pequenos negócios no Brasil.
Os programas de apoio a startups comandados por grandes empresas são uma das novidades do mundo dos negócios nos últimos anos. Tais iniciativas ajudam pequenas empresas a se desenvolver e evoluir. Em contrapartida, as grandes corporações também aprendem a desenvolver soluções de forma rápida, inovadora e enxuta, assim como as startups fazem, e podem eventualmente incorporar alguns produtos em seu portfólio.
No caso da Oracle, a parceria com startups – realizada por meio do Startup Cloud Accelerator, o programa de capacitação de pequenos negócios de tecnologia da empresa americana – também ajuda na construção de uma nova percepção do mercado sobre a empresa.
A opinião é de Reggie Bradford, vice-presidente sênior do departamento de ecossistemas de startups e aceleradoras da Oracle. “A empresa, em comparação aos novos serviços que aparecem por aí, tornou-se um negócio tradicional. Mas não queremos ser. Trabalhar com as startups faz com que o mercado nos veja de outra maneira.”
Bradford foi um dos participantes do Oracle OpenWorld, evento que está sendo realizado em São Francisco, nos Estados Unidos. Ele participou de um painel junto com o brasileiro Fernando Lemos, presidente de inovação para a América Latina da empresa.
Também em relação à mudança de posicionamento da empresa, Lemos diz que o foco em startups faz parte dos planos da empresa de se tornar mais relevante no futuro. “A Oracle foi criada em 1977, há 40 anos. Agora, temos que pensar no que vamos fazer para seguir tendo bons resultados por mais 40 anos. Apoiar as empresas de tecnologia vai nos ajudar a inovar e nos tornar uma marca conhecida por todos”, diz Lemos.
De acordo com o Bradford, as startups têm uma relevância muito grande no mundo corporativo e estão criando soluções que empresas maiores, com menos recursos, não estão conseguindo desenvolver. “Há plataformas brilhantes em mercados que podem mudar o mundo em que vivemos, como inteligência artificial, internet das coisas e moedas virtuais. Essas empresas estão, inclusive, no Brasil e na América Latina como um todo”, afirma.
Também segundo Bradford, uma característica importante das startups é que os negócios não são influenciados negativamente por crises econômicas – na verdade, muitas vezes as empresas crescem quando o país vai mal. “Os avanços tecnológicos surgem no mundo, estando os países mal ou não, e atualmente são capitaneados por startups. Toda empresa quer avançar o tempo todo e nós temos muito a aprender com os pequenos negócios de tecnologia”, diz.
O Startup Cloud Accelerator está em oito cidades em todo o mundo: Bangalore, Mumbai e Delhi, na Índia; São Paulo, no Brasil; na Cidade de Cingapura, no país homônimo; Paris, na França; Tel-Aviv, em Israel; e Bristol, na Inglaterra. O primeiro espaço foi criado em Bangalore.
O projeto em São Paulo foi o segundo a ser lançado. O primeiro foi o de Bangalore.
Ao contrário do que acontece na maioria das aceleradoras no Brasil, o Startup Cloud Accelerator é focado em negócios em um estágio mais avançado de desenvolvimento. As turmas de capacitação são pequenas. A primeira turma do programa em solo brasileiro está sendo realizada com apenas seis startups. “Presamos a qualidade em vez da qualidade e estamos em busca de empresas que realmente valem a pena”, afirma Lemos. Também de acordo com o executivo brasileiro, a Oracle não fica com nenhuma participação da startup ao aceitar acelerá-la.
No Brasil, a turma é composta pelas empresas Netshow.me, In Loco Media, Intelipost, Nexus Edge, NMind e Runrun.it. A capacitação começou em julho e durará seis meses. No fim do ano (ou em janeiro de 2018; as datas estão em processo de confirmação), as participantes participarão de um evento de demonstração de estudantes.
Sem espaço próprio de inovação
Quando perguntado sobre a possibilidade de a Oracle criar um espaço de inovação aberta no Brasil, como fizeram Cubo e Google Campus, por exemplo, Lemos disse que este tipo de projeto não está nos planos. “Não sei se vale a pena criar um espaço só para a gente. Às vezes, o melhor caminho é usar um coworking, diz Lemos, referindo-se ao Startup Cloud Accelerator, que está sendo realizado em uma unidade do COW, espaço de coworking em São Paulo.
Segundo ele, inclusive, o escritório da Oracle de Porto Alegre está prestes a ser fechado. Caso os planos da Oracle se confirmem, todo o time da empresa na capital gaúcha vai se mudar, no ano que vem, para o Tecnopuc, parque tecnológico e centro de inovação da PUC-RS. “É nesse tipo de lugar que as mudanças realmente surgem. Queremos estar onde a disrupção realmente ocorre”, afirmou Lemos.
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